segunda-feira, 21 de julho de 2025

A ORIGEM DE TUDO - O DIA 6 DA CRIAÇÃO (Parte II)

26 ¶ Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.  (Gênesis 1:26-27, ARA)

Vemos aqui o relato da criação do homem e da mulher, como um resumo. Mais adiante, no capítulo 2, teremos de forma mais detalhada a criação do homem, mostrando que, diferente dos outros seres vivos, ele foi moldado pelas mãos de Deus (Gênesis 2:7). No sexto dia, Deus criou todos os animais terrestres e também o homem e a mulher (Gênesis 1:24-31).

Diferente dos animais, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Notem que está no plural: “nossa semelhança”. E também a ordem dada por Deus é “façamos”. Isso nos mostra que Deus não estava só na criação. Já aqui vemos a atuação da Trindade desde o princípio, algo que seria revelado com mais clareza no Novo Testamento (João 1:1-3; Colossenses 1:16-17). É como se Deus dissesse ao Filho: “Vamos fazer o homem à nossa imagem e semelhança”.

Ser igual a Deus em imagem e semelhança não quer dizer aparência física, pois Deus é espírito (João 4:24), mas significa que o homem foi criado com emoções, sentimentos, vontade, inteligência, capacidade de se relacionar e exercer domínio. Amor, afeto, satisfação, alegria: tudo isso o homem recebeu de Deus. E, além disso, o texto mostra que o homem teria domínio sobre todas as criaturas.

Ou seja, assim como Deus governa sobre tudo, deu ao homem essa autoridade de dominar os seres vivos. Mas junto com esse domínio, veio também a responsabilidade. Deus criou tudo e deu ao homem, mas para que ele cuidasse. O homem foi encarregado de cuidar com amor de todas as criaturas que lhe foram entregues.

A Bíblia mostra que Deus se importa com os animais e espera que o homem também se importe. Há uma responsabilidade moral nisso:

“O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel” (Provérbios 12:10, ARA).

Esse versículo mostra que o justo trata bem os animais, enquanto o ímpio os maltrata. Isso quer dizer que o domínio que Deus deu ao homem sobre os animais não é para ser exercido com crueldade, mas com sabedoria e compaixão.

Portanto, o que Deus entregou ao homem não foi apenas o poder de governar, mas a missão de cuidar de toda a criação com amor e responsabilidade.

O PROPÓSITO DE MULTIPLICAR: UM PRINCÍPIO ESTABELECIDO POR DEUS

28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gênesis 1:28, ARA)

Essa é uma das primeiras declarações de propósito dadas por Deus à humanidade. Muitos se perguntam: "Qual é o meu propósito de vida?" ou "Por que eu existo, o que devo alcançar?”, e a resposta, ao menos em parte, está desde o início da criação: Deus criou o homem com a responsabilidade de dominar a criação, cuidar do que foi feito e, especialmente, multiplicar-se.

Logicamente, esse não é o único propósito que temos nesta vida. São vários os propósitos estabelecidos por Deus para todos nós:

  • Glorificar a Deus com nossa vida e atitudes (Isaías 43:7);
  • Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos (Marcos 12:30-31);
  • Ser semelhantes a Jesus Cristo, em caráter, atitude e obediência (Romanos 8:29);
  • Pregar o evangelho e fazer novos discípulos (Mateus 28:19-20);
  • Viver separados do pecado, em santidade e integridade diante de Deus e dos homens (1 Pedro 1:16);
  • Praticar boas obras que glorifiquem a Deus e abençoem o próximo (Efésios 2:10);
  • Buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus, confiando que Ele cuidará do restante (Mateus 6:33);
  • Ser o sal da terra e a luz do mundo, influenciando com verdade, justiça e amor (Mateus 5:13-14);
  • Servir aos outros com os dons que Deus nos deu (1 Pedro 4:10).

Entre vários outros propósitos de vida, não estamos aqui apenas de passagem, esperando a volta de Jesus. Temos objetivos bem concretos enquanto aguardamos Aquele que nos prometeu a vida eterna (João 14:3).

Mas agora, focaremos no propósito inicial que Deus nos deu: o de nos multiplicarmos.

Multiplicar-se vai além de apenas ter filhos

Quando Deus ordena “multiplicai-vos”, Ele não está apenas incentivando a reprodução, mas estabelecendo um princípio de continuidade e crescimento da raça humana. Ter apenas um filho não representa multiplicação, pois estatisticamente, com o tempo, isso levaria à extinção da espécie.

Da mesma forma, ter apenas dois filhos também não garante multiplicação, apenas mantém a população no mesmo nível, e isso considerando um cenário ideal, onde não há mortes prematuras, infertilidade ou outros fatores impeditivos. No entanto, mesmo com três filhos por casal, ainda não se pode considerar uma multiplicação expressiva, pois fatores como doenças, acidentes, infertilidade ou mortes precoces podem impedir que todos eles se reproduzam, o que estatisticamente tende apenas a manter a população estável, sem um crescimento significativo. A multiplicação real começa a partir de quatro filhos por casal: dois substituem o pai e a mãe, o terceiro representa um possível crescimento, e o quarto confirma uma tendência de multiplicação da raça.

Mas por que não funciona com apenas um filho?

Alguns podem pensar: “Mesmo com um filho, minha linhagem continuará: ele terá um filho, meu neto terá outro filho e assim por diante.” No entanto, essa lógica ignora um fator essencial: cada filho que nasce precisa de um cônjuge para se reproduzir, e esse cônjuge também vem de outro casal. Se todos os casais tiverem apenas um filho, em poucas gerações a população entra em colapso.

Veja o raciocínio:

  • Um filho precisa de outro para formar um novo casal;
  • Um neto requer a união de dois descendentes;
  • Para um bisneto nascer, são necessários ainda mais descendentes de outros casais;
  • E assim por diante, formando uma progressão descendente.

A imagem abaixo ilustra esse conceito

Na figura, mostro como a reprodução humana seria insustentável se cada casal tivesse apenas um filho. A árvore genealógica afunila a cada geração, mostrando que, com o tempo, não haveria pessoas suficientes para formar novos casais.

Diagrama

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A imagem ilustra de forma clara e objetiva o que acontece quando casais têm apenas um filho: a extinção gradual da população.

No exemplo, temos quatro casais (oito pessoas) na primeira geração. Cada casal tem apenas um filho, totalizando quatro filhos. Se esses filhos se agruparem em casais (dois casais), e cada um desses novos casais também tiver apenas um filho, a terceira geração contará com apenas duas pessoas.

Na sequência, se essas duas últimas pessoas (homem e mulher) se casarem e tiverem apenas um filho, a quarta geração terá apenas uma única pessoa. Nesse ponto, a linhagem termina, pois um indivíduo sozinho não pode formar casal nem gerar descendência.

Esse exemplo mostra que, mesmo com condições ideais, ou seja, todos os filhos sobrevivendo e formando casais com parceiros do sexo oposto, ter apenas um filho por casal leva à extinção em apenas três gerações. Isso evidencia que não há multiplicação, nem mesmo manutenção da população, mas sim um declínio acelerado.

Portanto, fica claro que a escolha por ter apenas um filho contribui diretamente para a diminuição e possível extinção da raça humana ao longo das gerações.

O PROPÓSITO DE MULTIPLICAR AINDA É VÁLIDO?

Atualmente, existem inúmeras desculpas para que casais não tenham filhos ou, quando muito, optem por ter apenas um. No entanto, podemos perceber que até nisso o inimigo tem agido, levando o ser humano a se comportar de forma contrária à vontade de Deus.

Uma das justificativas apresentadas é a de que essa “ordem” ou bênção de se multiplicar era apenas para o tempo da criação. Mas, se adotarmos essa lógica, corremos o sério risco de relativizar outras passagens bíblicas, como, por exemplo, considerar que as cartas de Paulo serviram somente para os cristãos daquela época, ou que a ordem de fazer discípulos se limitava àquele grupo de pessoas que conviveram com Jesus (Mateus 28:19-20). Isso comprometeria todo o fundamento da fé cristã, pois estaríamos decidindo, de forma subjetiva, quais mandamentos ainda valem ou não.

A verdade é que não há argumento bíblico válido que anule a ordem de multiplicar-se. Pelo contrário, há evidências bíblicas de que esse princípio continua atual, pois ele se fundamenta na criação e no propósito inicial de Deus para a humanidade (Gênesis 1:28).

Desculpas comuns para evitar filhos

Entre os argumentos mais comuns, está a questão financeira. Muitos casais temem não conseguir sustentar adequadamente uma criança ou acham que os custos de criação são altos demais. No entanto, na maioria dos casos, esse argumento esconde uma motivação egoísta: o verdadeiro medo não é passar necessidade, mas abrir mão do conforto pessoal e dos prazeres supérfluos. A dificuldade não está em sustentar um filho, mas em manter o padrão de consumo desejado, como as viagens de férias, o carro com roda estilosa, os jantares frequentes e o estilo de vida livre de grandes responsabilidades. Assim, evita-se o peso e o compromisso da paternidade ou maternidade para preservar uma liberdade pessoal baseada no prazer momentâneo.

Outro argumento recorrente é o sofrimento: há quem diga que colocar um filho neste mundo é expô-lo à dor e ao mal, como se a vida fosse apenas sofrimento. Contudo, ao agir assim, também estaríamos privando essa nova vida das alegrias, dos propósitos e, principalmente, da esperança eterna que há em Cristo Jesus.

Além disso, também é crescente a influência de ideologias modernas, como o movimento feminista contemporâneo, que contribui para a rejeição da maternidade como vocação. Ao valorizar a autonomia individual acima de tudo e ao criticar o papel tradicional da mulher como esposa e mãe, muitas mulheres passam a enxergar os filhos como um “empecilho” à realização profissional, à liberdade ou ao prazer pessoal. Essa mentalidade, aliada ao individualismo e ao hedonismo (viver só para o prazer) da sociedade atual, tem afastado muitos casais do propósito divino de frutificar e multiplicar, trocando a responsabilidade da geração de vidas pela busca de conforto, status e liberdade pessoal.

Quando pensamos apenas no sofrimento presente, esquecemos que há uma glória futura que será revelada aos filhos de Deus (Romanos 8:18), e que o plano eterno de Deus é restaurar todas as coisas, permitindo-nos viver eternamente com o Pai e com o Filho (Apocalipse 21:3-4). Ao evitarmos ter filhos com base nesses argumentos, privamos potenciais novas vidas da oportunidade de conhecerem a salvação em Cristo e, consequentemente, de desfrutarem da vida eterna. Assim, até mesmo o propósito de fazer novos discípulos se perde dentro de nossa própria casa.

Discípulos dentro do lar

Um dos propósitos mais claros na Bíblia é o de fazer novos discípulos (Mateus 28:19). Quando limitamos a quantidade de filhos ou optamos por não os ter, também estamos limitando a possibilidade de formar discípulos no seio da nossa própria família.

Logicamente, sabemos que a salvação é individual (veja esse estudo bíblico aqui), mas a influência espiritual dos pais é poderosa. Um filho criado sob a orientação da Palavra de Deus, com ensino e exemplo piedoso dos pais, dificilmente se afastará do caminho da fé. É o que a Bíblia ensina:

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22:6)

Portanto, ao considerarmos a multiplicação como parte do propósito divino, compreendemos que ela não se resume apenas ao crescimento populacional, mas também ao crescimento espiritual. Gerar filhos é também uma forma de gerar discípulos, influenciar eternamente outras vidas e cooperar com os planos redentores de Deus neste mundo.

Além disso, o mandamento de “fazer discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19) é uma das evidências de que o plano original da multiplicação permanece válido, e não o contrário, como alguns argumentam. A ordem de multiplicar-se dada em Gênesis não foi revogada, mas ampliada com um significado ainda mais profundo em Cristo: agora, além de multiplicar fisicamente, somos chamados a multiplicar espiritualmente, gerando filhos na fé. Portanto, limitar ou negar esse propósito, seja por medo, insegurança ou por argumentos contrários às Escrituras, é ir na direção oposta à vontade expressa de Deus desde o princípio.

29 ¶ E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.  30 E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. 31 ¶ Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.” (Gênesis 1:1-31 RA)

No princípio, não havia carnivorismo. Não havia consumo de carne, nem havia a permissão de Deus para que o homem comesse animais, tampouco para que os animais devorassem uns aos outros. Esse era o plano alimentar original: tanto os seres humanos quanto os animais se alimentavam exclusivamente de vegetais. Não havia doenças, nem pragas aflitivas como moscas ou pernilongos com os propósitos prejudiciais que conhecemos hoje. Embora esses seres já existissem, sua atuação não era danosa, pois tudo cooperava para um ambiente que agradava a Deus e era livre de aflições, tudo “era muito bom”.

A permissão para o consumo de carne veio somente após o dilúvio, quando as plantas e os frutos da terra foram destruídos ou ficaram inacessíveis sob lama e água. Nesse contexto, Deus disse a Noé:

“Tudo o que se move e vive vos servirá de alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora” (Gênesis 9:3, RA).  (Veja mais sobre esse tema nesse estudo)

Isso não significa que hoje somos proibidos de comer carne, a permissão ainda permanece válida. O próprio Senhor Jesus comeu peixe após a ressurreição (Lucas 24:42–43, João 21:9–13). Além disso, em outra ocasião, Jesus participou da multiplicação de peixes para alimentar a multidão (Mateus 14:17–20).

Embora o ideal original fosse um mundo sem morte, sofrimento ou carnivorismo, a realidade atual é diferente devido à queda (Gênesis 3). Contudo, isso não anula a graça e a provisão de Deus, que, mesmo em um mundo corrompido, continua a cuidar do sustento dos seres humanos.

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