quarta-feira, 9 de julho de 2025

A ORIGEM DE TUDO - O DIA 1 E 2 DA CRIAÇÃO

Ao abrirmos as primeiras páginas da Bíblia, somos imediatamente levados ao início de tudo: à origem do universo, da terra e da própria história humana. O livro de Gênesis não começa com explicações científicas ou filosóficas, mas com uma declaração poderosa e definitiva:

“No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1).

Esse versículo não apenas apresenta Deus como o Criador de todas as coisas, mas também nos introduz a um relato repleto de propósito, ordem e significado.

O objetivo deste estudo é mergulhar nos dois primeiros dias da criação descritos em Gênesis 1. Observaremos como Deus, por Sua palavra e poder, dá início à formação do universo, transformando o caos em ordem, a escuridão em luz, o vazio em estrutura. Esses primeiros atos revelam verdades profundas sobre o caráter de Deus, Sua soberania, e Sua natureza triúna, Pai, Filho e Espírito Santo, agindo em perfeita unidade desde o princípio.

Além disso, exploraremos como esses eventos se relacionam com outras passagens das Escrituras, mostrando a harmonia entre o Antigo e o Novo Testamento, e destacando que Jesus, o Verbo eterno, estava presente e ativo na criação. Ao compreendermos os dias iniciais da criação, não apenas reconhecemos a origem do mundo físico, mas também somos levados a refletir sobre o plano divino que culminaria na redenção por meio de Cristo, a verdadeira luz que veio ao mundo.

Que este estudo nos ajude a contemplar com reverência o Deus Criador e a perceber que, desde o princípio, tudo foi feito com propósito, ordem e glória.

O dia 1 e 2 da criação

“1 ¶ No princípio, criou Deus os céus e a terra.  2  A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.

Neste trecho, tem início o relato da criação. Observa-se que Deus criou "os céus" (no plural) e "a terra", indicando não apenas o universo físico visível, mas também as regiões celestiais invisíveis ao olhar humano, incluindo a dimensão espiritual, como vimos em Colossenses 1:16:

“porque, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis…”).

Logo após essa criação inicial, a terra ainda estava "sem forma e vazia", um estado desordenado e inabitável. Nesse cenário, vemos uma clara referência à Trindade já no princípio da criação: Deus está criando (o Pai), e o Espírito de Deus está presente, pairando sobre as águas. Essa presença ativa do Espírito indica que Ele é uma pessoa distinta, mas plenamente divino (Salmos 104:30).

Embora o texto de Gênesis não mencione explicitamente o Filho, o Novo Testamento esclarece que o próprio Jesus, o Verbo, estava presente na criação:

“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:1-3)

“Pois, nele, foram criadas todas as coisas...” (Colossenses 1:16)

Assim, já nos primeiros versículos da Bíblia, percebemos a atuação conjunta do Deus Triúno: o Pai que ordena, o Filho por meio de quem tudo é criado, e o Espírito que dá forma e sustenta.

3 ¶ Disse Deus: Haja luz; e houve luz.  4  E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.  5  Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia.

Essa luz surgiu antes da criação do sol, da lua e das estrelas, que só foram feitos no quarto dia (Gênesis 1:14-19). Portanto, essa luz não dependia de corpos celestes e representa uma manifestação direta da ordem de Deus. É uma luz criada, física, essencial para o início da organização do universo.

Ao separar a luz das trevas (Gênesis 1:4), Deus estabelece também um princípio simbólico que aparece ao longo de toda a Escritura: a luz como símbolo do bem, da verdade, da presença de Deus, e as trevas como símbolo do mal, da ignorância e da separação de Deus.

Embora a Bíblia diga que Jesus é a Luz do mundo, não quer dizer que essa luz criada era Ele, isso se refere à luz espiritual e eterna, e não à luz física criada em Gênesis 1:

“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.” (João 1:4-5)

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12)

Portanto, Jesus não foi criado nessa ocasião. Ele já existia eternamente com o Pai e o Espírito Santo, como parte da Trindade. Ele não é criatura, mas Criador:

“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” (João 1:3)

“Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra... tudo foi criado por meio dele e para ele.” (Colossenses 1:16)

A luz criada em Gênesis 1:3 é uma criação física essencial no primeiro ato da organização do universo. Já Jesus Cristo, chamado de “luz do mundo”, é eterno, não criado, e estava ativo na criação, como o agente por meio do qual Deus fez todas as coisas (Hebreus 1:2-3). Ele é a luz espiritual que liberta o homem das trevas do pecado e o reconcilia com Deus.

6 ¶ E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas.  7  Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez.  8  E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde e manhã, o segundo dia.

Neste segundo dia da criação, Deus ordena que haja um firmamento no meio das águas, criando uma separação entre as “águas de cima” e as “águas de baixo”. O termo “firmamento”, do hebraico raqia, pode ser entendido como uma expansão ou uma vasta extensão, aquilo que hoje chamamos de céu visível, ou atmosfera.

Ao fazer essa separação, Deus organiza o caos descrito no versículo 2, onde "a terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo...”.  Agora, Ele começa a dar forma e ordem à criação, separando as águas e criando o espaço que chamamos de céu.

A água que ficou abaixo do firmamento formaria os mares, lagos e rios; a água que ficou acima do firmamento é interpretada por muitos estudiosos como uma camada de vapor ou um reservatório celestial, algo que foi "rompido" posteriormente no dilúvio (Gênesis 7:11).

É importante destacar que, no primeiro dia, Deus já havia criado "os céus e a terra" (Gênesis 1:1). A expressão "céus", nesse contexto, pode se referir aos céus celestiais, o mundo espiritual, onde habita Deus e onde existem os seres celestiais (Salmos 148:2-5; Colossenses 1:16). Já no segundo dia, o "firmamento" chamado de "céus" diz respeito ao céu físico, visível aos nossos olhos, aquele onde vemos as nuvens e o espaço onde posteriormente foram colocados o sol, a lua e as estrelas (Gênesis 1:14-19).

Portanto, podemos entender que:

  • No primeiro dia, Deus criou os céus (em sentido mais amplo e espiritual) e a terra de forma geral.
  • No segundo dia, Deus organizou a criação ao formar o firmamento, ou céu atmosférico, separando as águas e preparando o ambiente terrestre.

Esse ato de separação revela o caráter de ordem e propósito na criação divina. Nada foi feito ao acaso; tudo segue uma progressão lógica e funcional para sustentar a vida que viria a ser criada nos dias seguintes.

 

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