quinta-feira, 16 de maio de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (4:23-31)

O Poder da Oração e da Intrepidez

23 ¶ Uma vez soltos, procuraram os irmãos e lhes contaram quantas coisas lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos.

Após Pedro e João serem soltos das mãos das autoridades religiosas, eles se juntam aos outros discípulos e compartilham todas as ameaças e pressões que enfrentaram por pregar o evangelho, certamente se lembrando do que Jesus os havia dito a respeito disso:

Mateus 5:10-12: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós."

 24  Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há;

Os discípulos reconhecem a soberania de Deus sobre todas as coisas e citaram várias passagens que mostra a autoridade e controle que Deus tinha e tem sobre toda a história do povo de Israel bem como das demais nações. Segue algumas outras passagens que demostram a soberania de Deus:

Salmo 146:6: "Que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e que guarda a verdade para sempre."

Isaías 44:24: "Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e espraiei a terra;"

25  que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?

Neste versículo, os discípulos fazem referência a um Salmo atribuído a Davi (Salmo 2:1-2), onde o autor questiona por que as nações se rebelam contra o Senhor e tramam contra o seu Ungido. Isso reflete a oposição e a resistência que o Messias enfrentaria, conforme profetizado nas Escrituras.

26  Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; 27  porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28  para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram;

Os discípulos reconhecem que a oposição contra Jesus não foi um evento aleatório, mas sim o cumprimento das profecias e do plano de Deus. Herodes, Pôncio Pilatos e outras autoridades, tanto do povo judeu quanto dos gentios, conspiraram contra Jesus, cumprindo assim o propósito divino estabelecido desde antes dos tempos (Atos 2:23, Isaías 53:10).

Veja também o que declararam: “para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (Atos 4:28). Tudo foi predeterminado e estipulado por Deus; o plano da salvação não foi se desdobrando e acontecendo conforme a história ia avançando. Não, tudo foi planejado, e Cristo foi aquele que cumpriu tudo, foi fiel até o fim (João 19:30). Até mesmo nossa eleição parte de Deus, e não de nós; isso entra na área de predestinação, ou seja, fomos criados e predestinados a sermos salvos por Cristo (Efésios 1:4). Entendo e aceito que há passagens que também podem indicar o contrário, que temos livre arbítrio e que dependemos de nossas escolhas para chegar até a Deus (Deuteronômio 30:19), mas não se pode negar que tanto Pedro, como Paulo e alguns outros pregavam a predestinação (Romanos 8:29-30), e mais que isso, ela é bíblica, e por mais que seja difícil de compreender, ela é real (Efésios 1:11; 2 Tessalonicenses 2:13; Romanos 9:11-13; 2 Timóteo 1:9; Atos 13:48; João 15:16; João 15:16...).

29  agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra,

Neste verso, os discípulos estão pedindo a Deus que observe as ameaças e perseguições que estavam enfrentando e que lhes dê coragem e ousadia para continuar pregando o evangelho sem medo (Atos 4:29-31). Vejam que eles não pediram para cessar as perseguições, mas pediram coragem para enfrenta-las (2 Timóteo 1:7).

Podemos concluir que pregar o evangelho não é uma tarefa fácil e confortável; pregar o verdadeiro evangelho causará desconforto ao pecado e ao mundo (Mateus 10:22). Falar somente o que as pessoas querem ouvir não é evangelho; na verdade, isso faz parte do que Paulo anunciou sobre o que aconteceria nos últimos dias em relação àqueles que procurariam mestres de si mesmos, que falassem somente aquilo que queriam ouvir (2 Timóteo 4:3-4). O evangelho requer mudança, conversão, e isso causa desconforto, causa impacto (Atos 3:19). Ninguém quer ser acusado e chamado de pecador, e que o mesmo precisa se arrepender e se converter de seus maus caminhos, mas é sobre isso a mensagem principal que os apóstolos pregavam (Atos 2:38).

30  enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus.

E somente por meio de Jesus Cristo, o único nome sobre todo nome (Filipenses 2:9). Jesus foi ungido e enviado por Deus para realizar sua obra. Os discípulos reconhecem que Deus opera milagres e maravilhas através do nome de Jesus, demonstrando assim o poder e a autoridade divina.

Marcos 16:17-18: "E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão."

João 14:13-14: "E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei."

31  Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.

O tremor foi também um testemunho para eles de que Deus estava com eles, de que Deus atendeu a oração deles e o que anunciavam estava de acordo com a vontade de Deus (Atos 4:31). E após o lugar tremer, ficaram cheios do Espírito Santo e, com a oração atendida, anunciavam a mensagem de Deus com coragem.


Podemos aprender muito com essa passagem. Dentre elas, que quando enfrentamos desafios e ameaças à nossa fé, buscamos coragem através da oração, seguindo o exemplo dos discípulos que também pediram a Deus por intrepidez. Reconhecemos que Deus opera milagres através do nome de Jesus, capacitando-nos para realizar obras além da nossa capacidade humana, seja em curas físicas ou na transformação de vidas.

Ao buscar a Deus em oração e depender do Espírito Santo, experimentamos Sua presença palpável, capacitando-nos a proclamar a Palavra com ousadia e eficácia, impactando as vidas ao nosso redor. Levantamos nossas vozes a Deus em oração, buscando coragem e ousadia para proclamar o evangelho, mesmo diante de ameaças e oposição, seguindo o exemplo dos discípulos. Ao orar e agir em nome de Jesus, esperamos que Deus opere milagres e prodígios, demonstrando o poder do evangelho e a presença contínua de Cristo em nosso meio.

Assim como os discípulos reconheceram a autoridade divina sobre todas as coisas, confiamos que Deus está no controle mesmo em tempos de perseguição e adversidade. As ações contra Jesus previstas nas Escrituras fortalecem nossa fé, mostrando que Deus está no controle da história, mesmo nos momentos mais difíceis, e que a oposição faz parte do plano divino. A compreensão da soberania divina traz conforto e segurança, sabendo que, mesmo diante da oposição, Deus continua a agir conforme Seu propósito e plano estabelecido.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (4:15-22)

Pedro e João desafiam as autoridades

15 ¶ E, mandando-os sair do Sinédrio, consultavam entre si, 16  dizendo: Que faremos com estes homens? Pois, na verdade, é manifesto a todos os habitantes de Jerusalém que um sinal notório foi feito por eles, e não o podemos negar; 17  mas, para que não haja maior divulgação entre o povo, ameacemo-los para não mais falarem neste nome a quem quer que seja. 18  Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o nome de Jesus. 19  Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; 20  pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. 21  Depois, ameaçando-os mais ainda, os soltaram, não tendo achado como os castigar, por causa do povo, porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera. 22  Ora, tinha mais de quarenta anos aquele em quem se operara essa cura milagrosa.

O Sinédrio, um conselho judaico importante na época (Atos 5:27), enfrenta um dilema diante dos apóstolos. Eles reconhecem que um milagre notório foi realizado pelos apóstolos (Atos 4:16), tornando-se evidente para toda a população de Jerusalém. Mas mesmo diante de um notório milagre, não enxergaram a graça de Deus (João 9:39-41), ficaram presos em suas raízes tradicionais religiosas, e com medo de divulgarem cada vez mais o nome de Jesus, proibiram e ameaçaram os apóstolos a não falarem e nem ensinarem em nome de Jesus Cristo (Atos 4:18). Percebam o desafio enorme que os primeiros cristãos tinham em divulgar o evangelho, mesmo com testemunhos de milagres notórios como esse não foi o suficiente para tirar da cegueira espiritual homens que se diziam e se comportavam como perfeitos religiosos (2 Coríntios 4:4).

Apesar das ameaças, corajosamente, Pedro e João os enfrentam e os questionam se era justo obedecê-los, dar ouvidos a homens, ou se era justo obedecer a Deus, aquele que protagonizou o milagre notório (Atos 4:19-20). E sem uma causa justa e desta vez sem o apoio popular, não acharam nada que pudessem imputá-los para castigar, e sob ameaças, soltaram Pedro e João (Atos 4:21).

Também podemos encontrar desafios ao proclamar o evangelho, não encontraremos oposição enquanto não falarmos de Jesus para as pessoas, mas quando falamos, aí sim, encontraremos resistência (2 Timóteo 3:12). Seja no trabalho, seja na escola ou em qualquer outra área de nossa vida, é importante permanecer firmes na fé, firmes na verdade que está em Cristo Jesus (Efésios 6:13), e não desanimar quando oposições aparecerem para nos ridicularizar e em casos mais graves, nos perseguir (Mateus 5:11-12):

Romanos 1:16 - "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê..."

2 Timóteo 1:7-8 - "Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Portanto, não se envergonhe de dar testemunho de nosso Senhor..."

Pedro e João mostraram que a obediência a Deus deve prevalecer sobre qualquer autoridade humana (Atos 5:29). Mesmo diante de ameaças, eles permaneceram fiéis ao chamado divino (Atos 4:19-20). Devemos obedecer a Deus em todas as áreas de nossa vida (Deuteronômio 13:4), mesmo que isso signifique enfrentar críticas ou perseguições por nossa fé (2 Timóteo 3:12):

Atos 5:29 - "Pedro e os outros apóstolos responderam: 'É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!'"

Mateus 10:28 - "Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno."

Mesmo diante da perseguição, Deus protegeu Pedro e João e impediu que fossem punidos (Atos 4:21). Podemos ver isso acontecer em vários outros episódios em que, apesar de estarem presos, Deus enviou anjos (Atos 12:7) ou manifestações milagrosas como terremotos para libertá-los (Atos 16:26). Deus é fiel (1 Coríntios 1:9) e vai defender aqueles que são leais a Ele (2 Crônicas 16:9). Podemos confiar na proteção de Deus enquanto vivemos nossa fé (Salmos 91:2), sabendo que Ele está conosco em todas as circunstâncias (Mateus 28:20).

Salmo 46:1 - "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na hora da angústia."

2 Tessalonicenses 3:3 - "Mas o Senhor é fiel; ele os fortalecerá e os guardará do Maligno."

Esses princípios nos incentivam a perseverar na fé (Hebreus 10:23), a obedecer a Deus acima de qualquer autoridade humana (Atos 5:29) e a confiar na Sua proteção em todas as situações (Salmos 91:2).

Podemos até pensar: “ah como pode dizer que Deus nos protege se vimos claramente Cristão sendo presos, martirizados, maltratados, perseguidos (Atos 8:1). Mas todas essas coisas também são bíblicas, fomos alertados quanto a esse tipo de perseguição (João 15:20), o evangelho não causa ordem ao mundo, pelo contrário, causa caos, causa desconforto ao pecado (Mateus 10:34-36), o inimigo vai lutar ferozmente para manter as pessoas longe da luz, longe da verdade (1 Pedro 5:8).

Versos como “o socorro bem presente na hora da angústia” (Salmos 46:1) já nos dá a dica de que haverá angústia para haver socorro, ou como aquela outra passagem que Davi diz “mil cairão ao seu lado e 10 mil à minha direita, mas eu não serei atingido” (Salmos 91:7), ele está em meio à guerra nessa situação, ou “Ele me ajuda a atravessar o vale da morte” (Salmos 23:4) significa que estará em uma situação terrível, seja de saúde, acidente, enfim, Jesus já nos disse para “termos bom ânimo, pois no mundo teremos aflições, mas Ele já venceu o mundo” (João 16:33). Deem graças o tempo todo, assim como Paulo e Silas mesmo presos fizeram, oravam e cantavam a Deus e o resgate veio (Atos 16:25-26). Nem mesmo o Filho de Deus foi poupado pelo nosso pecado, e foi morte, mas a morte dEle nos livrou da ira e da segunda morte (Romanos 5:9; Apocalipse 2:11), logo, assim como Paulo acreditava, a sua morte aqui era lucro (Filipenses 1:21), pois sabia que já tinha cumprido a sua missão como cristão (2 Timóteo 4:7) e que enfim receberia a recompensa da vida eterna que é entregue à aqueles que têm fé em Jesus (Mateus 25:46).

quinta-feira, 2 de maio de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (4:1-14)

Pedro e João são presos e levados perante as autoridades

No capítulo 3, Pedro e João foram ao templo para orar e encontraram um homem que era coxo desde o nascimento pedindo esmola. Eles o curaram em nome de Jesus Cristo, o que causou um alvoroço entre o povo. Pedro então fez um discurso poderoso, explicando que a cura aconteceu pela fé em Jesus, e não por qualquer poder humano. Ele exortou as pessoas ao arrependimento e à fé em Cristo. O número de crentes cresceu significativamente após esse evento. O capítulo 4 inicia com a chegada dos sacerdotes enquanto Pedro e João ainda falavam, e os prenderam, ressentidos por estarem pregando a ressureição dentre os mortos.

 “1 ¶ Falavam eles ainda ao povo quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, 2  ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos; 3  e os prenderam, recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte, pois já era tarde.

Os Saduceus eram um pequeno grupo religioso composto por pessoas importantes e ricas, que acreditavam e seguiam os ensinamentos do Pentateuco, mas não acreditavam em anjos, outros seres espirituais, nem na ressurreição (ver Marcos 12:18-27). Ao contrário deles, os Fariseus acreditavam na ressurreição (ver Atos 23:6-8); esses dois grupos não se davam bem.

4  Muitos, porém, dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase cinco mil.

Somente naquele dia, mais cinco mil pessoas se converteram, o que mostra a eficácia da pregação do evangelho que estavam anunciando. Devemos nos apegar ao que demonstra resultados, e a estrutura essencial é: arrepender-se e converter-se a Cristo (Lucas 24:46-47).

5 ¶ No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos e os escribas 6  com o sumo sacerdote Anás, Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo sacerdote;

Apenas pessoas ‘importantes’ estavam ali reunidas. Posteriormente, na defesa de Pedro, todos eles tiveram que ouvir que Jesus é o único Senhor e Salvador de todos (Atos 4:12). Deus é soberano em tudo o que faz. Ele não deseja que seus servos sejam presos e castigados por falarem do evangelho. No entanto, Ele se orgulha daqueles que, mesmo nessas situações, não deixam de honrá-lo, glorificá-lo e de falar a verdade (Hebreus 13:15-16, Salmo 50:23). Eles não negam aquele que deu a sua vida por nós (João 3:16). Deus se orgulha daqueles que oferecem sacrifícios de louvor (Salmo 107:21-22, Jonas 2:9).

7  e, pondo-os perante eles, os argüiram: Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?

Fizeram a pergunta chave, a oportunidade ideal para falar de Jesus e esclarecer quem era o responsável por isso. Não podemos perder oportunidades como essa de falar de Jesus às pessoas, por exemplo, ao cumprimentar alguém e ele dizer, 'não estou bem, dói aqui, dói ali', aproveite e diga que dói por causa do pecado, se não houvesse o pecado no mundo, não haveria dor (Romanos 5:12). Paulo e outros apóstolos, independentemente do local em que estavam, não perdiam a oportunidade de falar do evangelho (At 16:13-14, Atos 20:24). Seja sensível, mantenha a chama viva dentro de você, e quando surgir a menor oportunidade que seja, fale de Jesus às pessoas (Colossenses 4:5-6).

 8  Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e anciãos,

Cheio do Espírito Santo significa que foi movido por Ele e então começou a falar com autoridade, a mesma que Jesus Cristo tinha (Atos 4:31). Não à toa, isso causou espanto a todos que ouviam, pois sabiam que eram pessoas simples e iletradas, mas isso não os impediu de serem corajosos diante das autoridades (Atos 4:13). Mesmo com palavras que poderiam comprometer suas vidas, não deixaram de falar sobre quem realmente operou aquele milagre (Atos 4:20).

9  visto que hoje somos interrogados a propósito do benefício feito a um homem enfermo e do modo por que foi curado,

Eles estavam sendo julgados por fazer o bem, assim como Jesus foi por fazer o bem, mas "no dia errado" segundo as tradições judaicas (Mateus 12:1-14). Isso também ocorreu quando Jesus foi expulso de Gadara por fazer o bem, ao libertar um homem possuído por demônios, como registrado em Mateus 8:28-34, Marcos 5:1-20 e Lucas 8:26-39. Além disso, Paulo e Silas também sofreram com isso quando foram presos por expulsar um espírito impuro de uma mulher possuída, conforme narrado em Atos 16:16-24.

Atualmente, vemos situações semelhantes em que as pessoas são julgadas por autoridades e pela sociedade por fazerem ou acreditarem nas coisas certas. Por exemplo, o tema do aborto: observamos hoje manifestações favoráveis a esse tipo de homicídio, com o apoio de grande parte da imprensa, o que seria inimaginável algumas décadas atrás. É importante lembrar que a Bíblia condena o derramamento de sangue inocente e valoriza a vida desde a concepção (Êxodo 20:13; Salmo 139:13-16; Jeremias 1:5).

10  tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que este está curado perante vós.

Com muita coragem e ousadia, Pedro expôs a todas aquelas autoridades que foi em nome de Jesus que aquele homem foi curado. Além disso, ele ainda condenou a todos ali pela morte dEle naquela cruz, mas Deus o ressuscitou (Atos 4:10). Pedro não hesitou em retirar dele qualquer espécie de mérito ou glória pelo ocorrido, mas foi categórico em afirmar que foi tudo feito através do nome de Jesus Cristo (Atos 4:12). Sejamos rápidos também em não tomar a honra e a glória que pertence a Ele (Isaías 42:8).

11  Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. 12  E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.

Esta é a mensagem central do evangelho: Salvação mediante a obra que Jesus fez, salvação através de Jesus Cristo, não por obras, não por obediência, mas pela fé em Jesus (Efésios 2:8-9).

A pedra angular na construção civil tinha duas funções, ela era colocada nas extremidades do edifício de modo a determinar o ângulo da construção. Se o edifício possuísse forma retangular, ela era posicionada de modo a criar ângulos retos em todas as extremidades da obra. Além de servir como alinhamento para o restante da construção, ela servia também como fundação, era responsável por suportar todo o peso do edifício.

A metáfora usada aqui e em outras passagens por Pedro (1 Pedro 2:6) e também por outros, como Paulo (Efésios 2:20), era para demonstrar a todos que Jesus é a base que sustenta todo o restante, e ainda, é Ele que nos alinha de acordo com a vontade de Deus. Jesus é o fundamento sólido e que sem Ele, qualquer religião, ministério, ou qualquer outra obra não se sustenta e não está verdadeiramente alinhada com a vontade de Deus (1 Coríntios 3:11).

Pedro afirmou que eles rejeitaram a pedra angular, construíram sua religião sem ela, e a pedra que antes deveria ser a base e o fundamento de suas crenças, agora está metaforicamente fora de suas construções, e estão tropeçando nela (Atos 4:11):

“6  Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. 7  Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular 8  e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.” (1 Pedro 2:6-8 RA)

13  Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus. 14  Vendo com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.

Os milagres que vimos acontecer antigamente de forma tão abundante não são a base do evangelho; a base é Jesus, e a mensagem é a salvação pela fé nele. Os sinais e prodígios que aconteciam eram para testemunhar que Deus aprovava e estava com eles (Atos 2:22; Hebreus 2:4). Os terremotos, a manifestação do Espírito Santo, as curas, tudo isso era para que todos soubessem que aquela nova mensagem que estavam pregando era aprovada por Deus (João 14:11; Atos 2:43; 1 Coríntios 2:4), e por isso essas autoridades não puderam combater nem alegar nada ao contrário do que Pedro e João estavam anunciando (Atos 4:14-16), pois o homem que era conhecido por todos como coxo de nascença estava ao lado deles em pé, curado, testificando tudo (Atos 3:2-10).

A ignorância que Pedro e João tinham sobre livros, cultura e qualquer outra informação necessária para que fossem consideradas pessoas cultas não foi empecilho para falarem do evangelho com coragem e propriedade, a ponto de espantar as pessoas cultas que ouviam (Atos 4:13). Quando temos coragem de anunciar o evangelho, não somos nós que proclamamos a mensagem, mas é o próprio Espírito que nos dirige e nos ensina o que temos que dizer (João 14:26). Não espere se tornar um “expert” nas escrituras sagradas primeiro para depois falar de Jesus para as pessoas; a mensagem é simples e objetiva: Deus amou o mundo de tal maneira que entregou Jesus naquela cruz para morrer por causa de nossos pecados, e todo aquele que nEle crer não está mais condenado, mas terá a vida eterna (João 3:16).