No quarto dia da criação, Deus formou o sol, a lua e as
estrelas. Mas a luz já existia antes deles. De onde vinha essa luz? Neste
estudo, veremos como a glória de Deus iluminou a criação desde o princípio e
qual o papel dos luzeiros segundo a Bíblia.
14 ¶ Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. 15 E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez. 16 Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. 17 E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra, 18 para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom. 19 Houve tarde e manhã, o quarto dia.
Deus levou um dia inteiro para criar todos os corpos celestes.
No quarto dia, Ele criou o sol, a lua, as estrelas, os planetas e todos os
demais astros ou corpos celestes.
Ainda nesta sequência de estudos, abordaremos o polêmico tema
envolvendo o tempo da criação. Será que cada dia representava um período de mil
anos? Será que eram eras longas, e a linguagem usada foi apenas uma forma
didática de resumir a criação para o nosso entendimento humano? Ou será que
Deus criou tudo literalmente em sete dias? Esse tema será explorado em outro
estudo.
Mas note algo curioso: no primeiro dia da criação, antes que
qualquer corpo celeste existisse, ou melhor, antes mesmo de o sol ter sido
criado, já havia luz. Deus disse:
“Haja
luz. E houve luz.” (Gênesis 1:3, RA)
A luz foi criada no início, e ela não depende do sol para
existir. Por isso, é possível haver luz mesmo à noite com o uso de
lâmpadas. Antes da criação dos luzeiros, era a própria glória de Deus que
iluminava a terra.
Essa luz que surgiu no início era real, física, visível e
eficaz, suficiente para haver “tarde e manhã” (Gênesis
1:5). Ela foi criada diretamente pela Palavra de
Deus e separada das trevas (Gênesis 1:4).
Essa separação estabeleceu o ciclo de dia e noite, mesmo antes da
criação do sol e da lua.
Portanto, já havia luz antes dos luzeiros serem criados,
o que prova que a luz não depende do sol para existir.
A
Glória de Deus como Fonte Inicial de Luz
Se a luz existia antes do sol e da lua, o que a sustentava? A
Escritura não afirma diretamente, mas há uma forte indicação de que a luz
criada no primeiro dia era uma manifestação da glória de Deus, que encheu e
iluminou a criação.
Assim como Apocalipse 21:23 descreve
a Nova Jerusalém:
“A
cidade não precisa nem do sol nem da lua para lhe darem claridade, pois a
glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada.”
E Apocalipse 22:5 reforça:
“Ali
não haverá mais noite... porque o Senhor Deus brilhará sobre eles...”
Essa luz gloriosa é suficiente para iluminar, sustentar e dar
vida. Antes dos luzeiros, a luz vinha diretamente de Deus, de sua presença
gloriosa e ativa no ato criador. A terra, portanto, não estava no escuro
até o quarto dia, mas era iluminada pela luz criada no primeiro dia, cuja
fonte última era o próprio Deus.
Os
Luzeiros Criados no Quarto Dia
No quarto dia, Deus criou o sol, a lua e as estrelas
(Gênesis
1:16-19). Eles não criaram a luz, mas foram designados
para governá-la, ou seja, passaram a regular e organizar o tempo,
marcando dias, anos e estações. Eles também passaram a alumiar a terra de
forma contínua e regular, como instrumentos do Criador.
Mas, é importante lembrar: eles não foram a origem da luz,
apenas passaram a conduzi-la com ordem e constância.
A Luz
Não Depende do Sol
Esse ponto é essencial: a luz existe independentemente do sol
e da lua, assim como hoje podemos ter luz à noite com a ajuda de lâmpadas.
Essa realidade nos ajuda a compreender que Deus é a verdadeira fonte da luz,
e que os luzeiros foram criados apenas como meios secundários, com a
função de governar a luz, marcar o tempo e alumiar a terra (Gênesis
1:14-15).
O próprio fato de já haver “tarde e manhã” nos três primeiros
dias da criação (antes do quarto dia) prova que a terra já estava iluminada,
mesmo sem os astros. E mais do que isso: o próprio percurso do tempo
já existia. Ou seja, os ciclos de “tarde e manhã” indicam que o tempo já
transcorria normalmente, como um período completo de 24 horas, mesmo
sem o sol e a lua.
É como um relógio: ele não cria o tempo, apenas o mede.
Mesmo que esse medidor não exista, o tempo continua a passar. Da mesma
forma, o sol e a lua não criam o tempo, apenas o regulam. O tempo e a luz
são sustentados pela ordem e poder da Palavra de Deus, desde o
princípio.
Josué
e a Soberania sobre os Luzeiros
Alguns poderiam pensar que o episódio em que Josué pede para que
o sol e a lua parem durante a batalha contradiz a ideia de que os luzeiros
apenas governam o tempo e não são a fonte da luz. No entanto, esse evento, na
verdade, confirma ainda mais a soberania de Deus.
Durante a batalha contra os amorreus, Josué orou:
“Sol,
detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale de Aijalom. E o sol se deteve, e a lua
parou...” (Josué 10:12-13, RA).
Essa narrativa é descritiva, do ponto de vista humano
(observacional), e mostra um milagre: Deus interrompeu o movimento dos luzeiros
e prolongou a luz do dia, mostrando que eles obedecem à voz do Criador.
“E o
sol se deteve... quase um dia inteiro.” (Josué 10:13, RA)
“Não
houve dia semelhante a este... porque o Senhor pelejava por Israel.” (Josué
10:14, RA)
Isso mostra que o poder de regência dos luzeiros está debaixo da
autoridade de Deus. Sendo o sol e a lua os astros que governam o dia e a noite
(Gênesis 1:16-18, RA), eles obedeceram à voz do Criador. Deus, que estabeleceu sua
função de marcar o tempo, suspendeu essa ordem natural temporariamente para
cumprir Seu propósito.
A verdade é que, após Deus criar o sol e a lua, são eles que
passam a governar o dia e a noite, são eles que passam a iluminar a
terra, como que por um tempo. Pois, quando tudo for restabelecido, como
vimos anteriormente, a glória de Deus é que iluminará a nova Jerusalém, e
Jesus será a lâmpada que nos fará enxergar, mesmo sem sol, como foi no
princípio, onde Deus manifestou a sua luz para iniciar a criação antes mesmo de
os luzeiros serem criados (Apocalipse 21:23; Gênesis 1:3-5, RA).
A Luz
e a Pessoa de Cristo
Alguns estudiosos sugerem que a luz criada por Deus no primeiro
dia (Gênesis
1:3-5) seria o próprio Jesus Cristo. No entanto,
essa interpretação deve ser avaliada com cuidado à luz das Escrituras.
A Bíblia afirma que o Filho é eterno e não criado:
“No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele,
e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” (João 1:1-3, RA)
“Pois,
nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra... tudo foi
criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas.” (Colossenses
1:16-17, RA)
Logo, a luz criada no primeiro dia não pode ser o próprio
Cristo, pois Cristo é o Criador, não uma criatura.
Contudo, essa luz reflete o caráter de Deus: ela traz
ordem, clareza e propósito à criação, contrastando com as trevas e o caos
iniciais. Assim, a luz criada é material e temporal, enquanto Jesus é
eterno e espiritual. Mas há uma conexão simbólica importante.
Jesus declarou:
“Eu
sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário, terá a
luz da vida.” (João 8:12, RA)
E também:
“Nele
estava a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e
as trevas não a compreenderam.” (João 1:4-5, RA)
Essas afirmações mostram que Cristo é a verdadeira luz
espiritual, que ilumina o entendimento, dá vida e conduz à salvação.
Portanto, embora a luz do primeiro dia não seja o próprio Cristo, ela aponta
para Ele: assim como muitos elementos na criação prefiguram verdades
maiores reveladas plenamente em Jesus.
Em Apocalipse, vemos essa realidade consumada (Apocalipse 21:23), ou seja, no princípio, Deus criou a luz para iniciar a
criação; no fim, a luz será o próprio Cristo glorificado: não uma luz
criada, mas a manifestação eterna da glória divina.
Conclusão
Quando Deus disse “Haja luz”, criou a luz física e visível,
independente de qualquer corpo celeste. Os luzeiros, criados no quarto dia,
passaram a regular o tempo e iluminar a terra de forma constante, mas não
eram e nunca foram a fonte primordial da luz.
Essa luz primeira possivelmente era a glória do próprio Deus
iluminando a criação, e isso aponta para uma realidade futura: o mundo novo,
sem sol nem lua, onde a luz será o próprio Senhor.
“Pela fé entendemos que foi o universo
formado pela palavra de Deus...” (Hebreus 11:3)
A ciência pode explicar o comportamento da luz, mas a Bíblia
revela sua origem: a Palavra criadora de Deus. A verdadeira fonte da
luz é o Senhor: ontem, hoje e eternamente.
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