segunda-feira, 16 de junho de 2025

AUTOCONTROLE

Autocontrole é a virtude de alguém que domina seus desejos e paixões. É a capacidade que uma pessoa tem de controlar seus impulsos, emoções, desejos e comportamentos, especialmente em situações difíceis ou tentadoras. Envolve a habilidade de pensar antes de agir, manter a calma diante de provocações e escolher fazer o que é certo, mesmo quando isso exige esforço ou sacrifício (Provérbios 16:32).

O Que É Autocontrole

No contexto emocional, autocontrole é manter a serenidade; no contexto moral ou espiritual, é resistir ao pecado ou à tentação (Tiago 1:14-15). Em termos práticos, ter autocontrole é, por exemplo:

Não responder com raiva diante de uma provocação (Provérbios 15:1).

Recusar algo prejudicial, mesmo sentindo vontade (1 Coríntios 6:12).

Persistir em uma meta, mesmo com vontade de desistir (Hebreus 12:1).

Resumindo: autocontrole é governar a si mesmo, em vez de ser governado pelas emoções ou impulsos (1 Coríntios 9:25-27).

Fruto do Espírito

O autocontrole é uma das qualidades do fruto do Espírito mencionadas na Bíblia. Ele é essencial para quem busca viver com sabedoria e integridade:

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.”(Gálatas 5:22-23 – RA)

Ter autocontrole é ter domínio próprio. Paulo explica que, entre vários fruto do Espírito, está o domínio próprio. Quem tem o Espírito Santo de Deus deve saber e aplicar esse domínio sobre si mesmo, controlando impulsos e desejos que, no momento, até podem parecer bons e favoráveis, mas que a médio ou longo prazo trazem consequências ruins (Romanos 13:14). Por exemplo: ceder ao desejo por comida pode trazer satisfação e até energia momentânea, mas se entregar aos vícios e à má alimentação trará prejuízos sérios no futuro (Provérbios 25:28; Filipenses 3:19).

A Importância Prática Do Domínio Próprio

“Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que, por elas, vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo; por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora. Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.” (2 Pedro 1:4-10 – RA)

Pedro exorta que o domínio próprio, assim como os outros fruto do Espírito, deve estar evidente na vida do crente. Ele precisa ser cultivado, e isso gera bons fruto e a certeza da salvação (Mateus 7:17-20). Aquele que ainda está escravo do pecado e não consegue se controlar vive no passado, como alguém que se esqueceu que foi purificado, e continua a viver como antes da confissão de seus pecados a Deus (Romanos 6:12-14).

Pedro nos exorta a somar o fruto espiritual à nossa fé. O domínio próprio, quando praticado continuamente, nos tira do mornidão espiritual (Apocalipse 3:16), nos torna frutíferos e nos ajuda a viver de forma agradável a Deus (Efésios 5:8-10). Assim, confirmamos nossa salvação, damos testemunho aos que nos cercam e permanecemos firmes na fé, prontos para qualquer batalha e sem tropeçar (Efésios 6:10-13; Judas 1:24).

“Dissertando ele acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro, ficou Félix amedrontado e disse: Por agora, podes retirar-te; e, quando eu tiver vagar, chamar-te-ei.” (Atos 24:25 – RA)

Paulo também pregava sobre o autocontrole. Neste episódio, ele apresenta a Félix que era governador romano da Judeia (Atos 23:24), que aceitar Jesus envolve viver em justiça e domínio próprio. No entanto, Félix ficou amedrontado. Ele não estava disposto a aceitar que a salvação também traz mudanças práticas na vida, exigindo renúncia, disciplina e uma nova conduta (Lucas 9:23; 2 Coríntios 5:17).

Exortações Bíblicas

“25  Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. 26  Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. 27  Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.” (1 Coríntios 9:25-27 RA)

Ser disciplinado envolve ter autocontrole. Assim como um atleta se domina em tudo para alcançar uma coroa corruptível, sendo disciplinado nas horas de sono, na alimentação e nas bebidas, nós também devemos exercer o mesmo domínio próprio para alcançar aquilo que é eterno. Devemos ser disciplinados não apenas no sono ou na alimentação, mas também no que vemos, ouvimos e falamos. É necessário ter autocontrole completo sobre nosso corpo.

Paulo também destaca a importância de dominar a si mesmo para não falhar naquilo que se ensina aos outros. É como alguém que adverte contra os pecados sexuais, mas acaba caindo em adultério, ou alguém que prega contra a gula e vive em descontrole. O autocontrole é essencial na vida do crente.

“7  Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; 8  antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, 9  apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.” (Tito 1:7-9 RA)

Uma das várias características que um bispo (pastor) deve possuir para exercer seu ministério é o domínio de si, ou seja, autocontrole, justamente para não cair no erro de viver de forma contrária àquilo que prega. Isso está em harmonia com o ensino de Paulo sobre o fruto do Espírito, onde o domínio próprio é essencial na vida cristã (Gálatas 5:22-23).

Um verdadeiro sábio é reconhecido por viver conforme ensina. Aquilo que ele prega é aquilo que ele vive (Tiago 3:13).

É claro que não precisamos ser totalmente “perfeitos” aos olhos do mundo, e nem conseguiremos ser, para começar a evangelizar (Romanos 3:23). No entanto, devemos ser sinceros e íntegros em nossa caminhada (Salmos 15:2). Por isso, não devemos falar como se estivéssemos apresentando a nós mesmos. Paulo disse: “nós não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor” (2 Coríntios 4:5). Dessa forma, as pessoas não olharão para nossas imperfeições, mas para Aquele que é perfeito.

Use o púlpito ou o altar não para falar da sua vida ou do que você fez durante a semana, mas para falar de Cristo, de personagens bíblicos e das Suas testemunhas (Atos 1:8; 1 Coríntios 2:2). O ministério não é sobre autopromoção, mas sobre conduzir as pessoas a conhecerem a verdade que está em Jesus (João 14:6).

“Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância.” (Tito 2:2 RA)

Aqui temos outra recomendação, desta vez dirigida diretamente aos homens mais velhos: que sejam temperantes. Essa palavra também pode ser compreendida como moderados, ou seja, alguém que tem domínio próprio, que não vive por impulsos, mas com equilíbrio. Ser moderado significa não ser exagerado em atitudes, reações ou hábitos, e manter-se controlado em todas as áreas da vida.

Por exemplo, um homem moderado:

  • Não se ira facilmente, nem age com dureza ou grosseria (Tiago 1:19-20).
  • Não se entrega aos excessos do vinho, da comida ou dos prazeres (Provérbios 23:20-21; Efésios 5:18).
  • Não é extremista em opiniões, mas busca ouvir, ponderar e agir com sabedoria (Provérbios 15:1-2; Filipenses 4:5).
  • Não é ganancioso ou avarento, mas sabe se contentar com o que tem (1 Timóteo 6:6-8).

A moderação é uma virtude essencial na vida cristã, pois demonstra maturidade espiritual. Paulo inclui a moderação como parte do fruto do Espírito, quando fala sobre o domínio próprio (Gálatas 5:22-23), e também orienta: “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens” (Filipenses 4:5).

Além disso, os homens mais velhos, por causa da experiência de vida, são chamados a ser exemplo para os mais jovens, vivendo com sobriedade e constância na fé e no amor (Tito 2:2; 1 Pedro 5:3). A moderação, portanto, não é sinal de fraqueza, mas de força interior e sabedoria, qualidades esperadas de quem já percorreu boa parte da caminhada cristã.

 

“Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade.” (Provérbios 16:32 RA)

Este verso exalta a grande virtude de ser longânimo, ou seja, paciente, alguém que sabe esperar com calma e suportar adversidades com espírito firme (Efésios 4:2). Ter domínio próprio é mais valioso, segundo a sabedoria bíblica, do que ser um herói de guerra, um conquistador ou um soldado poderoso.

Para o autor de Provérbios, Salomão, considerado o homem mais sábio da Bíblia (1 Reis 4:29-31), é preferível controlar a si mesmo do que conquistar cidades. Isso nos mostra que a verdadeira força não está no poder externo, mas na capacidade de governar o próprio coração e impulsos (Provérbios 25:28).

Enquanto um guerreiro pode dominar exércitos, o homem que domina a si mesmo:

  • Não responde com ira, mas com brandura (Provérbios 15:1).
  • Não age por impulso, mas reflete antes de agir (Tiago 1:19).
  • Não se vinga, mas entrega tudo nas mãos de Deus (Romanos 12:19).
  • Controla sua língua e emoções, evitando causar danos (Tiago 3:2-6).

Exemplos Bíblicos Positivos E Negativos sobre Autocontrole

Essa virtude é constantemente exaltada nas Escrituras como marca de sabedoria e maturidade espiritual (Gálatas 5:22-23). Podemos encontrar também personagens bíblicos que tiveram domínio próprio, bem como outros que “escorregaram” e sofreram consequências ruins pela falta dessa virtude:

  • José, resistindo à mulher de Potifar (Gênesis 39:7-12);
  • Moisés, que perdeu o controle e feriu a rocha (Números 20:10-12);
  • Davi, que teve autocontrole e não matou Saul, mesmo tendo oportunidade (1 Samuel 24);
  • Sansão, que foi dominado por seus desejos e paixões, entregando seu segredo a Dalila e perdendo sua força, sua liberdade e sua visão (Juízes 16:1-21);
  • E o próprio Jesus, que demonstrou domínio próprio ao permanecer calado diante dos que o acusavam injustamente (Mateus 26:62-63; 27:12-14; Isaías 53:7), no deserto, quando foi tentado por Satanás (Mateus 4:1-11), e também na cruz, quando poderia invocar legiões de anjos, mas escolheu se entregar em obediência à vontade do Pai (Mateus 26:53-54).

Conclusão E Aplicação

Em um mundo que admira força bruta, coragem militar e conquistas externas, Deus valoriza o homem que conquista a si mesmo. “Melhor é o longânimo do que o herói de guerra, e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade”. Esse sim, segundo a Bíblia, é o verdadeiro vencedor.

Em resumo, o autocontrole não é apenas uma virtude moral, mas uma evidência da presença do Espírito Santo em nós. É Ele quem nos capacita a negar a nós mesmos, tomar a cruz e seguir a Cristo dia após dia (Lucas 9:23). Não conseguimos dominar nossos impulsos apenas com força de vontade, mas pela graça que nos é dada em Jesus.

Não estamos sozinhos nessa luta interior. A Palavra de Deus afirma que o Espírito Santo habita em todo aquele que crê (Romanos 8:9), e é por meio dEle que conseguimos produzir fruto espirituais, como o domínio próprio.

Paulo declara em Filipenses 2:13 que "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade", e em Romanos 8:13 afirma: “...se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis”. Isso mostra que não apenas precisamos do Espírito para vencer a nós mesmos, como também é impossível fazer isso sem Ele.

Portanto, busquemos viver cheios do Espírito (Efésios 5:18), pois onde Ele reina, há domínio próprio, e onde há domínio próprio, há liberdade (2 Coríntios 3:17) e vida abundante (João 10:10). Que nossa oração diária seja: “Senhor, enche-me do teu Espírito e ajuda-me a vencer a mim mesmo.”

 

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