quarta-feira, 14 de maio de 2025

A IMPORTÂNCIA DO AMOR E DO PERDÃO

O amor é a essência da vida cristã e a base para o relacionamento com Deus e com o próximo. Mas não estou falando de um amor raso ou superficial, mas de um amor tão profundo que leva alguém a morrer pelo outro, e não apenas por aqueles que já amamos e cuidamos, mas até mesmo por quem nos odeia e nos persegue (Romanos 5:8).

1. O Amor Como Mandamento e Dom De Deus

Primeiramente, precisamos entender que amar é, sobretudo, um mandamento e, ao mesmo tempo, um dom de Deus (Marcos 12:30-31; 1 João 4:7-8). Logo, quando amamos, estamos cumprindo o mandamento dado por nosso Senhor Jesus (João 13:34), e ter fé nEle é justamente acreditar em tudo o que Ele fez e praticar o que Ele nos ensinou (Tiago 2:17). Mas, ao mesmo tempo em que estamos praticando o mandamento de amar, só podemos fazê-lo porque nos foi dado esse dom (Romanos 5:5; 2 Timóteo 1:7; Gálatas 5:22; 1 João 4:19). Assim, não podemos amar o próximo sem o dom de Deus, e também não amaremos ao próximo apenas por termos esse dom; devemos exercitá-lo, colocá-lo em prática (1 João 3:18).

Jesus afirmou que os dois maiores mandamentos são amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-39). Posteriormente, Ele deu um novo mandamento:

“amar ao próximo como Ele nos amou” (João 13:34).

Esse novo mandamento nos conduz à prática do verdadeiro amor, pois amar o próximo como amamos a nós mesmos pode ser problemático. Se não soubermos nos amar corretamente, corremos o risco de, em vez de amar o próximo, prejudicá-lo, boicotá-lo ou até mesmo rejeitá-lo, refletindo nele nossas próprias dificuldades emocionais, como pessimismo, masoquismo ou baixa autoestima. Assim, trataríamos os outros de forma inadequada, da mesma maneira que nos tratamos.

O oposto também é verdadeiro: se formos egoístas, interesseiros, avarentos, amantes dos prazeres do mundo e do dinheiro, amaríamos ao próximo sob essa mesma perspectiva, ensinando-o e incentivando-o a ser soberbo, controlador, avarento, egoísta, invejoso, ou seja, direcionaríamos o próximo nos mesmos objetivos errados que temos. No entanto, quando Jesus nos dá o mandamento de amar ao próximo como Ele nos amou, temos um exemplo claro, um padrão, um norte, uma régua para medir como devemos amar as pessoas, baseando-nos no mesmo amor que Cristo teve por nós (Efésios 5:2).

2. O Exemplo do Amor de Deus

São várias as demonstrações do amor de Deus que podemos citar. Um exemplo é o cuidado que Ele teve com Noé e sua família, preservando-os do dilúvio e garantindo a continuidade da humanidade (Gênesis 6:8-9, 18). Também vemos Seu amor por Abraão ao chamá-lo e prometer que faria dele uma grande nação, abençoando todas as famílias da terra por meio de sua descendência (Gênesis 12:1-3).

O amor de Deus se manifesta de maneira especial ao povo de Israel, libertando-o da escravidão no Egito (Êxodo 3:7-8) e sustentando-o com paciência no deserto, provendo alimento, água e proteção, mesmo diante de murmurações e rebeldias (Deuteronômio 8:2-4).

Outro exemplo marcante é o amor demonstrado a Davi por meio do perdão, mesmo após seu grave pecado contra Deus. Quando Davi se arrependeu, o Senhor o perdoou, mostrando Sua misericórdia (2 Samuel 12:13).

Além disso, Deus expressou Seu amor por meio dos profetas, chamando Seu povo ao arrependimento e à restauração. No livro de Oséias, por exemplo, o amor de Deus é comparado ao de um marido fiel que deseja restaurar sua esposa infiel (Oséias 2:19-20; 11:1-4).

Por fim, vemos o cuidado de Deus para com Jonas, mesmo quando ele tentou fugir de Sua missão. Deus corrigiu o profeta, mas também o preservou e mostrou Seu amor não apenas a Jonas, mas também ao povo de Nínive, ao conceder-lhes a oportunidade de arrependimento (Jonas 3:10; 4:11).

Mas, em uma única atitude, já podemos enxergar Seu grande amor ao ver que Deus enviou Seu próprio Filho, Jesus, para morrer pelos pecadores (Romanos 5:8). Esse amor é incondicional e se manifesta na graça e na misericórdia que recebemos diariamente (Lamentações 3:22-23). Além disso, Ele nos adotou como filhos por meio de Cristo, um ato de amor que nos dá identidade e herança espiritual (1 João 3:1; Efésios 1:5).

a. O Exemplo do Amor de Cristo

Cristo nos mostrou o verdadeiro amor de várias formas:

  • Sacrifício na cruz – Jesus deu a própria vida por nós, demonstrando o maior ato de amor (João 15:13; 1 João 3:16).
  • Perdão aos pecadores – Mesmo na cruz, Jesus intercedeu pelos que o crucificavam, ensinando-nos a amar até os inimigos (Lucas 23:34).
  • Serviço humilde – Ele lavou os pés dos discípulos, mostrando que o verdadeiro amor se expressa em humildade e serviço (João 13:14-15).
  • Compadecimento pelos necessitados – Jesus teve compaixão dos famintos, dos enfermos e dos aflitos, demonstrando que o amor se expressa no cuidado com o próximo (Mateus 9:36; Marcos 1:41).

3. O Perdão como Expressão do Amor

Como já vimos, o amor é um mandamento (João 13:34). Ninguém ama automaticamente; é preciso praticá-lo. O amor apenas por palavras não é válido (1 João 3:18), pois ele se manifesta através de ações. Uma das ações que mais provam o amor é o perdão.

O perdão é um reflexo do amor divino. Deus nos perdoou em Cristo, e devemos perdoar uns aos outros da mesma maneira (Colossenses 3:13). Jesus ensinou que devemos perdoar ilimitadamente (Mateus 18:21-22) e advertiu que quem não perdoa também não será perdoado (Mateus 6:14-15).

Sobre o que Jesus disse em Mateus 6:14-15, Ele não está negando a graça ou estabelecendo condições para a salvação. Em vez disso, Ele revela que alguém que realmente experimentou o perdão de Deus naturalmente perdoará os outros.

Se alguém diz ter recebido o perdão divino, mas se recusa a perdoar, isso pode indicar que ainda não compreendeu verdadeiramente a graça de Deus. O próprio Jesus ilustra esse princípio na parábola do credor incompassivo (Mateus 18:21-35). Nela, um servo que foi perdoado de uma grande dívida se recusa a perdoar uma pequena dívida de outro servo. No final, ele é castigado, pois sua falta de perdão demonstrava que não valorizava a misericórdia recebida.

4. O Amor e o Perdão na Prática

a- Perdoar de Coração: Não basta apenas dizer que perdoamos; o perdão deve ser sincero (Mateus 18:35).

b- Evitar a Amargura: A falta de perdão gera raiz de amargura, que contamina a alma (Hebreus 12:15).

c- Amar os Inimigos: Jesus ensinou a amar e orar por aqueles que nos perseguem (Mateus 5:44).

d- Promover a Reconciliação: Sempre que possível, devemos buscar paz e harmonia (Romanos 12:18).

Como vimos acima, sempre que possível, devemos buscar a paz e a harmonia. Isso significa que a decisão parte de nós, ou seja, devemos tomar a iniciativa de ir até a pessoa e perdoá-la. Podemos pensar: "Ah, mas se foi ele quem errou, ele é quem deve vir até mim pedir perdão."

Pois bem, essa é a lógica do mundo, que tenta nos fazer acreditar que essa é a atitude correta. No entanto, esse não é o princípio divino nem o comportamento digno de filhos de Deus. Podemos ver isso em várias passagens além de Romanos 12:18.

5. O perdão independe do pedido do outro

Um exemplo claro de que o próximo não precisa pedir perdão para que o perdoemos é o ensinamento de Jesus, que mostra que devemos perdoar independentemente de a outra pessoa reconhecer sua falha:

Marcos 11:25 – "E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas."

Isso demonstra que o perdão é uma decisão pessoal, tomada diante de Deus, sem esperar que o ofensor venha pedir.

Outro grande exemplo é o próprio Jesus na cruz:

Lucas 23:34 – "Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."

Jesus perdoou aqueles que o crucificaram, mesmo sem que eles tivessem pedido perdão.

Da mesma forma, Estêvão, ao ser apedrejado, seguiu o exemplo de Cristo:

Atos 7:60 – "Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! E, com estas palavras, adormeceu."

Estêvão perdoou seus algozes sem esperar que eles reconhecessem o erro.

6. Quando o objetivo é a restauração do relacionamento

Se, além de perdoar, o objetivo for restaurar um relacionamento, devemos tomar a iniciativa e procurar a pessoa. A Bíblia nos orienta a buscar a reconciliação:

Mateus 5:23-24 – "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta."

Se soubermos que há algo mal resolvido, devemos buscar a reconciliação antes de continuar nossa adoração.

Jesus também ensina que, se alguém pecou contra nós, devemos procurá-lo e tentar resolver diretamente:

Mateus 18:15 – "Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão."

7. E se a pessoa não aceitar o perdão?

Se a pessoa não aceitar o perdão, ainda assim devemos perdoar, pois o perdão não depende da resposta do outro, mas da nossa obediência a Deus (Romanos 12:18). Jesus ensinou que perdoar é essencial para nossa comunhão com Deus (Marcos 11:25), e guardar rancor pode nos prejudicar espiritualmente (Efésios 4:31-32; Hebreus 12:15). O perdão não significa concordar com o erro nem manter um relacionamento tóxico (Provérbios 22:24-25; Mateus 10:14), mas sim libertar nosso coração da mágoa e viver em paz (Colossenses 3:13; Romanos 12:18).

8. Benefícios do Amor e do Perdão

As consequências de amar e perdoar não se restringem apenas a obedecer a Deus; essas atitudes trazem benefícios para aqueles que aprendem a amar e perdoar de coração.

Quem ama e perdoa experimenta a paz de Deus.

A essência de Deus é o amor (1 João 4:8), e Ele nos chama a amar como Ele ama. O perdão também vem d'Ele, pois foi Ele quem nos perdoou primeiro (Efésios 4:32). Quando escolhemos amar e perdoar, nos alinhamos com o caráter de Deus e experimentamos Sua paz.

Guardar rancor e mágoa gera sofrimento interior, causando ansiedade e inquietação (Hebreus 12:15). No entanto, quando perdoamos, nos livramos desse peso e abrimos espaço para a paz de Deus.

O Espírito Santo produz em nós amor, paciência e paz (Gálatas 5:22). Ao praticarmos o amor e o perdão, tornamo-nos receptivos à ação do Espírito Santo, que nos enche da paz divina. Quem vive no perdão não carrega culpa nem ressentimento e, por isso, experimenta a paz que vem de Deus.

Relacionamentos Restaurados:

O amor e o perdão são fundamentais para restaurar e fortalecer os relacionamentos. A Bíblia ensina que "o amor cobre multidão de pecados" (1 Pedro 4:8), o que significa que, quando amamos verdadeiramente, somos capazes de superar falhas e imperfeições nos outros, promovendo a reconciliação.

O perdão evita que ressentimentos e mágoas corroam os laços entre as pessoas, permitindo que relacionamentos quebrados sejam restaurados. Em vez de alimentar conflitos, o amor age como um bálsamo, trazendo cura e união.

Reflexo de Cristo:

Perdoar e amar é imitar a Cristo, refletindo Sua luz ao mundo (João 13:34-35). Jesus nos ensinou a amar como Ele amou, perdoando até mesmo aqueles que O crucificaram (Lucas 23:34).

Ao perdoarmos, rejeitamos ressentimentos e fortalecemos nossos relacionamentos, vivendo em unidade e paz, como Deus deseja (Colossenses 3:13; João 17:21). Dessa forma, mostramos ao mundo a essência do evangelho e glorificamos a Deus.

O amor e o perdão são fundamentais para a vida cristã. Deus nos chama a viver em amor e a perdoar como Ele nos perdoou. Quando praticamos esses princípios, vivemos em harmonia e testemunhamos o verdadeiro evangelho ao mundo.


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