quinta-feira, 28 de março de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (3:1-12)

A Cura do Homem Coxo e o discurso de Pedro

“1 ¶ Pedro e João subiam ao templo para a oração da hora nona.

Ou seja, diariamente, às 15 horas, iam ao templo para orar. Eram judeus e continuaram a viver como judeus, e as práticas religiosas que eram diferentes da graça, como a observação cega do sábado, a presença de gentios à mesa ou a prática da circuncisão, foram sendo abandonadas conforme iam amadurecendo na graça de Deus (Romanos 6:14), porém, práticas comuns ao cristianismo como oração em comunhão com outros irmãos permaneceram (Efésios 6:18), bem como a observância de princípios bíblicos como a abstenção de ídolos (1 Coríntios 10:14), libertinagem sexual e várias outras práticas que sempre desagradaram ao nosso Deus (1 Tessalonicenses 4:3-5).

2  Era levado um homem, coxo de nascença, o qual punham diariamente à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam.

Este templo hoje não existe mais, foi destruído pelos romanos no ano 70 d.C. O que conhecemos hoje como Muro das Lamentações é um vestígio desse templo e continua a ser muito sagrado para os judeus (Mateus 24:2; Marcos 13:2; Lucas 21:6).

3  Vendo ele a Pedro e João, que iam entrar no templo, implorava que lhe dessem uma esmola.

O que sabemos é que esse homem aleijado de nascença era colocado todos os dias nessa entrada, e provavelmente Pedro e João o viram ali outras vezes até que finalmente deram atenção a ele. Hoje não é diferente daqueles dias; pessoas com deficiências são colocadas em locais estratégicos, como na porta de bancos ou na saída de lotéricas, esperando por pessoas com dinheiro para receber esmolas. Esse coxo não era diferente; era colocado onde o fluxo de pessoas era grande e contava com a compaixão das pessoas para ajudarem com esmolas.

 4  Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós. 5  Ele os olhava atentamente, esperando receber alguma coisa.

Esperando receber mais uma esmola, esse era o propósito do coxo ali presente; esperava alguma compensação por ser inválido, esse era o objetivo de estar ali na frente do templo. Em nenhum momento o texto dá a entender que ele estaria aguardando a cura de sua enfermidade, mas sim que o mesmo já estava conformado com ela.

 6  Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!

O que o coxo esperava era ouro e prata; ele não esperava que Pedro e João pudessem oferecer algo melhor a ele: a CURA DE SUA ENFERMIDADE.

Vale destacar uma coisa aqui: Pedro e João eram pobres, não porque se limitavam a ser pobres, mas sim porque Deus o determinou. Todos os apóstolos morreram pobres e martirizados, e isso não dependia deles terem um "pensamento positivo", declarar que eram ricos ou algo do tipo para fugir do propósito ao qual foram criados. O que quero dizer é que nem todos os filhos de Deus serão ricos financeiramente, e isso NÃO depende exclusivamente deles quererem, mas sim de Deus. Sim, é verdade que você precisa se empenhar, ser disciplinado, se especializar em sua área e ser organizado financeiramente, mas todo esse esforço será em vão se não for Deus quem edifica a sua casa:

 “1 ¶ Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. 2  Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem.” (Salmos 127:1-2 RA)

Resumindo: Tenha cuidado com os homens que prometem riquezas, pois o texto deixa claro que sem a vontade de Deus, você não prosperará. Se for da vontade de Deus, o que outros conseguem com muito esforço, seus filhos ganharão enquanto dormem. Ou seja, as oportunidades aparecem, as conexões se formam, os clientes, negócios, tudo isso de forma generosa e sem esforço, como um presente de Deus para seus amados filhos.

7  E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram; 8  de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus.

Instantaneamente, não levou 5 meses para ser curado, foi curado pela Fé de Pedro em Cristo Jesus (Atos 3:16), e não pela fé do homem coxo, o mesmo só esperava pela esmola, conformado com isso nem imaginava que receberia desse homem para ele estranho, a cura de sua enfermidade.

Não é a primeira vez e não será a última em que a pessoa recebe a cura mesmo não tendo fé. A fé é sim determinante nessas situações, mas não necessariamente precisa partir de você. Não estou e nem quero incentivar a você a “terceirizar” a sua fé, mas o foco aqui seria para aqueles gurus espirituais que te ensinam que “você é capaz de tudo”, que você é quem determina o seu futuro, mas a verdade é que tudo depende da vontade de Deus (Provérbios 19:21). Alguém aqui tem dúvidas de que Paulo tinha fé? E por que ele não conseguiu ser atendido por Deus nas 3 vezes em que pediu a cura de sua enfermidade (2 Coríntios 12:7-9)? É porque não depende de nós, e nunca foi sobre nós, é sobre Jesus Cristo (2 Coríntios 5:15).

É fato que é a fé que nos salva, e é fato que Jesus declarou inúmeras vezes "a tua fé te salvou ou te curou" (Mateus 9:22; Marcos 5:34; Lucas 17:19), mas, assim como nesse caso do aleijado, a fé de outras pessoas foi determinante para a restauração física da pessoa. Podemos citar o caso do centurião romano (Mateus 8:13), a filha da mulher cananeia (Mateus 15:28), e até mesmo o paralítico curado pela ajuda dos amigos (Marcos 2:5). Há também outras passagens que demonstram que não devemos ser seres individualistas e independentes de Deus; somos seres coletivos e que precisamos de Deus em todas as áreas de nossa vida (1Coríntios 12:12-27, Romanos 12:4-5, João 15:5, Filipenses 4:13).

9  Viu-o todo o povo a andar e a louvar a Deus, 10  e reconheceram ser ele o mesmo que esmolava, assentado à Porta Formosa do templo; e se encheram de admiração e assombro por isso que lhe acontecera. 11  Apegando-se ele a Pedro e a João, todo o povo correu atônito para junto deles no pórtico chamado de Salomão. 12 ¶ À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: Israelitas, por que vos maravilhais disto ou por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?

Em nenhum momento o povo estava admirado pela fé do homem coxo, está claro aqui que o poder de Deus não necessariamente se limita à fé dos homens (Atos 3:1-10). A misericórdia de Deus nos alcançou não porque acreditamos primeiro, mas porque Ele nos amou primeiro:

“Nós amamos porque ele nos amou primeiro.” (1 João 4:19 RA)

Isso não tira de nós a responsabilidade de acreditar, de orar (Hebreus 11:6), mas quando nossos desejos prosperam, a glória não deve ser direcionada a "nossa" fé, essa fé que fez acontecer também é dada por Deus, ACONTECEU PQ VC ACREDITOU, mas você acreditou por causa da misericórdia de Deus (Efésios 2:8-9).

Percebam no texto que o povo reconheceu que o homem que louvava a Deus junto com Pedro e João era o aleijado que diariamente sentava na entrada do templo. Causou espanto verem aquele homem curado, em pé, e de imediato, temeram a Pedro e a João, dando a eles a glória pelo milagre ocorrido. Mas mais que “imediatamente”, os dois já deixariam claro a todos que a manifestação que houve ali não provinha do poder deles, e sim de Deus.

Não perca tempo negando a honra ou glória que lhe são dadas; em vez disso, atribua imediatamente a Deus (João 3:30). A Bíblia nos ensina a reconhecer que toda glória e mérito verdadeiros pertencem a Deus, conforme está escrito:

'Eu sou o Senhor; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor' (Isaías 42:8).

Quando nos apropriamos indevidamente da glória que deveria ser atribuída a Deus, estamos desviando o foco do seu merecido reconhecimento, o que pode levar a consequências trágicas causadas pela soberba. A Bíblia adverte que:

'o orgulho precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda' (Provérbios 16:18).

Portanto, devemos humildemente reconhecer a soberania e grandeza de Deus (Salmos 95:3), evitando qualquer forma de arrogância (Provérbios 11:2), autopromoção (Filipenses 2:3-4), desejando que as pessoas nos bajulem por algo que não vem de nós, vem de Deus (1 Coríntios 4:7), esse tipo de vaidade nos afasta do caminho da verdade (2 Timóteo 4:3-4) e daquilo que agrada a Deus (Colossenses 3:23-24).

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