sexta-feira, 8 de março de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (2:42-47)

DOUTRINAS APOSTÓLICAS E A EVOLUÇÃO DA IGREJA

42 ¶ E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.

Apesar de ainda estarem em processo de amadurecimento, os irmãos permaneciam firmes na obediência aos primeiros ensinamentos dos apóstolos. Não é à toa que uma das doutrinas ensinadas, o batismo, continuava sendo observada entre eles. No entanto, ao longo da história, eles começaram a compreender que a graça é suficiente e que a salvação depende exclusivamente da fé em Jesus Cristo, não pelas obras da lei (Efésios 2:8-9). Eles perceberam que nem mesmo atos simbólicos como o batismo eram necessários para alcançar a graça de Deus, mas apenas a fé.

Com relação a Paulo, ele não enfatizava o batismo nas águas como uma doutrina fundamental. No entanto, encontramos vários ensinamentos específicos de Paulo às igrejas que, subsequentemente, se tornaram doutrinas, tais como a forma de eleger líderes espirituais (1 Timóteo 3:1-7), o comportamento dos cônjuges (Efésios 5:22-33), a justificação pela fé (Romanos 3:28), a santificação (1 Tessalonicenses 4:3-7), a graça de Deus (Efésios 2:8-9), a ressurreição dos mortos (1 Coríntios 15:12-58), o papel da igreja (Efésios 4:11-16), o amor fraternal (1 Tessalonicenses 4:9-10), a segunda vinda de Cristo (1 Tessalonicenses 4:16-17), entre outros.

43  Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos.

Esse temor a Deus é o que parece estar um pouco ausente nos dias atuais. Ao contrário do que a Bíblia ensina, muitos afirmam que já não é mais necessário temer a Deus, argumentando que ele nos chama de amigos e um amigo não prejudica o outro. Baseiam-se essa afirmação na fala seguinte fala de Jesus:

“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15:15 RA)

No entanto, há uma questão de interpretação nesse ponto. Quando Deus nos chama de amigos, Ele claramente nos ensina que agora não somos mais como servos que precisam ser cobrados diariamente para cumprir suas funções, mas como amigo, sabemos o que nosso Senhor quer e não precisamos mais ser lembrados.

Ao chamar o homem de amigo, não implica que Ele esteja se rebaixando ou se igualando aos homens, mas o contexto nos ensina que essa designação indica uma relação na qual o amigo compreende os desejos do outro e, portanto, não necessita ser constantemente lembrado de suas responsabilidades, como era com as leis. Contudo, ao conferir ao homem o título de amigo de Deus, isso implica na responsabilidade de tratá-lo com amizade e buscar agradá-lo. Ser amigo de Deus não justifica comportamentos folgados, inconvenientes ou desrespeitosos, pois tais atitudes não são características de uma verdadeira amizade, mas sim de aproveitadores (Tiago 4:4).

COMUNISMO NA BÍBLIA? UMA ANÁLISE DE ATOS 2:44-45

44  Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. 45  Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.

Comunistas e socialistas costumam citar essa passagem para afirmar que Deus governava dessa forma. Mas durante o crescimento da igreja, observamos muitas doutrinas que eram praticadas no início e que foram sendo extintas ou aprimoradas ao longo do tempo. Sobre a questão de compartilhar tudo entre todos, foi uma das práticas que foi aprimorada.

Infelizmente, esse tipo de governo iguala todos em um mesmo patamar: a pobreza. Mesmo entre irmãos, há aqueles que querem comer sem querer trabalhar (2 Tessalonicenses 3:10). Esse tipo de governo atrai e cria muitos preguiçosos que apenas desejam se sustentar às custas de outros, buscando apenas serem mantidos, e isso pode até funcionar inicialmente quando têm riquezas compartilhadas por outros, mas eventualmente essas riquezas se esgotam. Quando isso acontece, gera pobreza e fome para todos os envolvidos.

Essa situação ocorreu posteriormente com esse grupo de pessoas, pois, ao compartilharem tudo, passaram por um período difícil no qual precisaram ser socorridos por outras igrejas por meio de ofertas, para que os irmãos em Jerusalém pudessem superar a fome (Atos 11:29).

46  Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, 47  louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” (Atos 2:1-47 RA)

Toda essa “prosperidade” que temos visto aqui, toda essa união, comprometimento e hospitalidade, são frutos da pregação “terrorista” que vimos Pedro fazer anteriormente (Atos 2:14-40). Não podemos reclamar hoje que nossas igrejas são frias e continuar a ser complacentes com a pregação do “amor”. Sim, Deus é amor (1 João 4:8), mas não esse Deus que alguns pregam por aí:

“Ah, Deus é amor e Ele não fará nada muito radical só porque eu não quero ter uma vida santa. Aceito Cristo sim, mas quero continuar aqui, ok? Porque Deus me ama… aquele Deus do dilúvio (Gênesis 7:10-24) não existe mais, o Deus de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:24-25) também não. Deus é AMOR, ele me ama e não me condenará eternamente por causa de um pecadinho feito nesse curto período em que estamos aqui.”

Isso não é o evangelho, irmão, isso é uma armadilha de Satanás (1 Pedro 5:8). Devemos estar vigilantes e verificar se estamos realmente na fé ou se ainda estamos agindo por vontade própria, escravos de nossas emoções e prazeres (Gálatas 5:16-26).

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